Sobre
SOBRE JESSIER QUIRINO E SUA OBRA
Mesmo não parecendo, sou desses cabras tímidos. Na infância vivia escondido feito segredo de abelha e era desconfiado feito doido em cemitério. A poesia me deixou um pouco mais solto, mas ainda hoje sou caseiro e reservado ou como diz o matuto: amoitado, feito carneiro que tomou bicho na capação.
Admirações e querenças tenho aos montes. Malquerença nenhuma. Não cultivo essas “lixas doze” que tornam a vida áspera e tediosa.
SOBRE O ESTILO
Fazer cócegas em balancete de banco oficial. Esse é o ofício de quem persegue o humor. Essa foi a arma que usava para me impor no dia a dia e terminou fazendo parte da minha poesia. E para os causos, piadas etc. sempre procurei dar um certo “molho” ou ferrar com o “JQ” quiriniano. Era uma espécie de marca pessoal, portanto, difícil para outra pessoa passar adiante da mesma forma.
SOBRE A POESIA MATUTA
Tinha um amigo de infância, Ciço Galinha, que hoje mora na região norte, que era e ainda é, um matuto nato, com tiradas
engraçadíssimas e acho que ele me influenciou muito nessa simpatia pelo matuto. Havia em Campina uma efervescência cultural intensa. Além de música e teatro haviam festivais de repentistas onde se declamava e se improvisava com muita graça. Encontrei na poesia matuta de outros autores a licença poética de trabalhar exatamente essa graça.
A deformação da escrita reforça esse lado hilariante: Coroné ao invés de Coronel. “de coca” e não de cócoras, cachorro da mulésta, dez miréis… isso tudo tem uma certa agilidade verbal e se aproxima muito do dialetal popular, aquilo que flui natural da boca do povo.O Coroné Ludugero explorava bem essa variante como também Jararaca e Ratinho e muitos outros como Cornélio Pires lá no sul. Na música, a fala do povo fluía natural na voz de Manoelzinho Araújo, Gonzagão, Jackson do Pandeiro e muitos outros, principalmente no forró. O próprio Adoniram Barbosa em seus sambas exprimia sempre com muita graça essas deformações: “nós fumo e não encontremos ninguém”…
SOBRE AS PERSONAGENS DOS POEMAS
Li certa vez uma citação de um pensador ou poeta, não sei: “O grande poeta existe para mostrar ao homem pequeno como este é grande”. De posse desse pensamento e com uma veia artística voltada para o popular, tratei de versejar por esse caminho. De fato o homem pequeno, o desimportante, muitas vezes é de uma altura de dar neve na cabeça. Na minha prosa, na música, na poesia sempre retrato o vaqueiro, o retirante, o homem do campo, as prostitutas, o cangaceiro, o feirante, o trabalhador pesado… sempre procurando tirar doçura e graça onde só se ver amargor e tristeza. Já o homem grande, o importante, em alguns casos, é imprestável feito molambo de encher Judas ou feito bola de aniversário não agüentam um alfinete.
SOBRE A RELAÇÃO PALCO / PLATEIA
Gosto mais do espetáculo em teatro e da palestra em sala de aula. No teatro há uma espécie de abraço e magnetismo, na sala de aula há um misto de respeito ao “professor” e veneração ao artista. Gosto menos um pouco do espetáculo em praça pública e por último em ambientes onde há mesas, bebidas etc. Desconcentra quem está no palco.
Como não uso nenhuma caracterização, curto muito o elemento surpresa do meu espetáculo. O público que não me conhece, olha pra mim como quem diz: desse aí não sai nada de matuto nem de popular. A surpresa é grande.
Outro ponto interessante é o contato dos bastidores com homem simples: a cada apresentação em congressos, teatros, hotéis etc. há sempre um zelador, um garçom, um controlista, um faxineiro, um motorista que joga nos meus braços várias porções de “sois tampa!!!” que é pasto de capim mimoso pra bicho homem e poeta se soltar e cintilar de contente.
SOBRE A OBRA
Os poemas que compõem o primeiro livro “Paisagem de Interior” tiveram um período longo de maturação e são assim, mais puros sem maiores comprometimentos. Muitos desses poemas foram registrados magistralmente nos dois últimos cds Paisagem de Interior 1 e 2. A partir do “Agruras da Lata D`água” e depois no “Prosa Morena” essa poesia foi ficando mais rebuscada e hoje, cada palavra é feito fava braba carece ser lavada em nove águas. Minha poesia, hoje, tem a identidade quiriniana, portanto mais comprometida.
Os livros infantis são voejos literários exercitados quando minha filha era pequena e são bem aceitos pelo público infantil. O livro Política de Pé de Muro, é mais um registro do meu poder de observação com fotos das pichações políticas que chamo de gargalhativas. Pelo que me consta não existe nada no gênero no Brasil.
SOBRE A ARQUITETURA
Tenho, um zelo enorme pelos traços, texturas, cores, materiais… luz, sombra e volumetria da arquitetura com traços regionalistas. Acho que é a mais correta, coerente e compatível com nosso povo e nosso clima. Moro numa casa do princípio do século XX em Itabaiana Pb decorada com elementos rústicos e sei da importância das portas de bandeira alta, pé-direito alto, pisos de mosaico e das paredes dobradas.
Valorizar esses elementos é uma obrigação nossa como criadores de espaços harmoniosos para as atividades humanas.
Na prática, nem sempre esses valores são levados em conta. O projeto precisa ser adaptado ao fim a que se destina e nem sempre se encaixa nesse perfil.
Sempre que há oportunidade lanço mão de nossa regionalidade.
SOBRE A ACEITAÇÃO DO MATUTÊS NOS MEIOS MAIS SOFISTICADOS
Esse estilo de poesia matuta sempre fez sucesso em determinadas épocas. No passado foi com Cornélio Pires, Catulo da Paixão Cearense, Zé da Luz e mais recentemente com Renato Caldas, Patataiva do Assaré, Zé Laurentino, Chico Pedrosa, entre outros. É um sucesso, digamos, cativo e dirigido a um determinado público, obedecendo a lógica de um certo desprestígio lingüístico.
Acredito que a aceitação do meu matutês está ligada ao molho contemporâneo inovador com tibungões no substantivo, na erudição, na métrica e ritmo apurados, e principalmente na força declamatória adotada nos recitais. O registro dos poemas em cd foi uma exigência do público e confirma este fato.
Há também, hoje em dia, um forte movimento saudosista e de exaltação aos valores do campo, praticados por citadinos de raízes sertanejas, que em outros tempos eram vistos com tuias e tuias de reserva. Vejo, nos recitais, as pessoas se orgulharem de serem matutos. Isso é bom e valoriza muito a nossa cultura.
SOBRE O POETA
Antes da arte da poesia nasceu a arte de declamar, ou seja, era a poesia de fralda e a declamação de calça Topeka. Sempre fui de recitar, de colocar inflexão e força no ato declamatório; sempre fui de formar pequenas platéias feito vendedor de casca de pau. Trabalhar isso e com humor era uma arma para me impor diante dos colegas superando assim minha timidez. A platéia foi aumentando e hoje encaro público numeroso feito político ladrão.
SOBRE O POPULAR
Meu contente é um contente de observação do universo popular que é autêntico e sem-vergonha que só raposa criada em casa. É um contente palpável, vivo e hilariante. Explorando esse universo, conto com dois trunfos importantes para o palco: uma certa dose de teatralidade e inflexão e um balaio cheio de memória. Assim, os textos são ditos com muita força e expressão e exatamente como foram memorizados com extrema segurança.
No início eram poemas e causos de outros poetas, escritores, e de domínio público, e como já dosava as histórias com um molho próprio, estava a um pulo de grilo de fazer minha própria poesia. Aí nasceu o poeta.
SOBRE AS INFLUÊNCIAS
Tenho um misto de influências poéticas. No início me influenciava muito a poesia matuta de Zé da Luz, Zé Laurentino e o cantar dos próprios repentistas. Tinha ali um misto de lirismo, humor e nordestinidade. Hoje, com uma poesia mais rebuscada, bebo um pouco na fonte de muitos: no cunho social de Catulo, no lirismo matuto de Renalto Caldas, no surrealismo de Zé Limeira, na imagem de Acenso Ferreira, no neologismo de Guimarães Rosa e José Cândido de Carvalho, na desconstrução de Manoel de Barros, na brasilidade e originalidade de Raul Bopp, no universo sertanejo dos cantadores e folcloristas, além de me debruçar no vocabulário popular rico e pitoresco do nordeste.
SOBRE OS TEMAS POLÍTICOS E TEMAS JOCOSOS
Político é feito fralda: precisa sempre ser trocada.Ou tá mijada ou ta cagada. Entra um e sai outro e tudo continua o mesmo lengalenga, o mesmo Mané Luiz…e o povo feito canoa: manobrado pelo fundo e sujeito a afundar. A política por si só já é uma piada. É caricata e perturba mais do que impingem em cangote de doido. A postura crítica que adoto é munição pra muitas histórias e muitos alpendres. O que digo na minha poesia é o que todo mundo diz na diária, só que com métrica e com rima.
Os temas jocosos são os que divertem no varejo. Bem embaladinhos, não ofendem e nos fazem rir.
SOBRE A REPERCUSSÃO DA OBRA
Desde o meu primeiro livro Paisagem de Interior, venho fazendo recitais em todo o Brasil para os mais diversos tipos de público. Só não fui ainda à feira livre, mas dependendo do formato, ainda chego lá. Vou a festivais de repentistas, a universidades, hospitais, escolas públicas e privadas, a clubes, praça pública, teatros, grandes convenções, saletas e salões importantes. Fui tema de vestibular por duas vezes no UNIPÊ da Paraíba e outra na Universidade Católica de Pernambuco, tenho livros infantis adotados na rede de ensino de Pernambuco e tenho livro adotado no programa Educação de Jovens e Adultos do MEC para o estado de Pernambuco. A minha poesia anda na boca do povo, foi tese de graduação em Ouro Preto, há trabalhos para teatro em Pernambuco e já foi recitada em rede nacional na rede Globo. No meio musical já dividi projetos musicais e artísticos onde se apresentaram também artistas do quilate de Luiz Melodia, Chico César, Alceu Valença, Bete Gulart, e tive músicas gravadas por Xangai e Maciel Melo. No meio radiofônico, tenho uma repercussão grande em rádios de Pernambuco e um pouco na televisão onde, recentemente, foi veiculado em rede nacional na Globo News um documentário de 24 minutos dando conta do meu versejar. Temos também algumas incursões na rádio Nacional do Rio de Janeiro, Rádio Metrópole de Salvador e uma agenda de espetáculos em convenções empresariais permanentemente requisitada. Tudo isso somado a cancela aberta da internet – www.jessierquirino.com.br – com contatos diários do Oiapoque a Caixa Prego e alguns até do exterior, me deixa numa situação privilegiada para quem trabalha com poesia popular.
SOBRE A OBRA
Os poemas que compõem o primeiro livro “Paisagem de Interior” tiveram um período longo de maturação e são assim, mais puros sem maiores comprometimentos. Muitos desses poemas foram registrados magistralmente nos dois últimos cds Paisagem de Interior 1 e 2. A partir do “Agruras da Lata D`água” e depois no “Prosa Morena” essa poesia foi ficando mais rebuscada e hoje, cada palavra é feito fava braba carece ser lavada em nove águas. Minha poesia, hoje, tem a identidade quiriniana, portanto mais comprometida.
Os livros infantis são voejos literários exercitados quando minha filha era pequena e são bem aceitos pelo público infantil. O livro Política de Pé de Muro, é mais um registro do meu poder de observação com fotos das pichações políticas que chamo de gargalhativas. Pelo que me consta não existe nada no gênero no Brasil.
SOBRE SE HÁ RELAÇÃO DO MEU TRABALHO COM O MOVIMENTO ARMORIAL
Acho que há uma relação, enquanto trabalho ligado às formas e expressões populares. No entanto, o estilo, quiriniano – com voejos de pura molecagem, invencionice e colagem a elementos contemporâneos – pode ferir o que chamamos “expressões populares tradicionais”. Portanto tenho certa cautela em enquadrar minha poesia a esse ou aquele estilo para não ser cobrado por deturpar um elemento tradicional importante. Prefiro que meus escritos sejam meio moleques de rua, meio banda-voou. As gerações futuras farão o devido enquadramento.
SOBRE A ACEITAÇÃO DO MATUTÊS NOS MEIOS MAIS SOFISTICADOS
Esse estilo de poesia matuta sempre fez sucesso em determinadas épocas. No passado foi com Cornélio Pires, Catulo da Paixão Cearense, Zé da Luz e mais recentemente com Renato Caldas, Patataiva do Assaré, Zé Laurentino, Chico Pedrosa, entre outros. É um sucesso, digamos, cativo e dirigido a um determinado público, obedecendo a lógica de um certo desprestígio lingüístico.
Acredito que a aceitação do meu matutês está ligada ao molho contemporâneo inovador com tibungões no substantivo, na erudição, na métrica e ritmo apurados, e principalmente na força declamatória adotada nos recitais. O registro dos poemas em cd foi uma exigência do público e confirma este fato.
Há também, hoje em dia, um forte movimento saudosista e de exaltação aos valores do campo, praticados por citadinos de raízes sertanejas, que em outros tempos eram vistos com tuias e tuias de reserva. Vejo, nos recitais, as pessoas se orgulharem de serem matutos. Isso é bom e valoriza muito a nossa cultura.

OPÇÃO PELOS SERTÕES E PELO SUBSTANTIVO
Além da infância com amigos do interior, convivi um longo período com sertanejos tanto em Campina Grande como no alto sertão da Paraíba. Isso me fez ver de forma ainda mais diferenciada esse universo mítico que é o interior e os sertões. Quando vi pela primeira vez um vaqueiro a cavalo paramentado de: bota, esporas, perneira, chicote, chapéu de couro e gibão, achei que era o que mais se parecia com um guerreiro medieval que eu endeusava no cinema. Esse tipo automaticamente passou a fazer parte do meu imaginário.
Com meu apurado poder de observação quase de um rastejador, foi imprimindo um estilo, digamos, descritivo a minha poesia. Registrar com doses de fidelidade o bucólico, a cena doméstica, os objetos, os bichos, a fraseologia, a força, a bravura, a alma do homem simples… resgatar expressões e objetos ofuscados pelo tempo, lapidar a palavra e embrulhar com graça e surpresa, tornar o errado certo na ótica do matuto… tudo isso passou a ser a marca registrada da minha poesia.
SOBRE OUTROS AUTORES
Leio aos tacos e releio aos magotes. Afora as pesquisas obrigatórias no universo da poesia, do folclore e tudo mais, sempre me interessei por autores, digamos, mais regionalistas. Os clássicos como José Lins, Guimarães Rosa, José Candido – já citados como influenciadores – sempre foram o leite de coco do meu mangunzá. Já, mais recentemente conheci, até pessoalmente, outros grandes autores tão bons quanto, cujos livros já fazem parte do meu tamborete de dados: meu amigo escritor Luiz Berto com o maravilhoso “O Romance da Besta Fubana”, meu cumpade José Nivaldo, com o “Doutor Marculino”, o escritor Nei Leandro de Castro “As Pelejas de Ojuara”… são obras obrigatórias de serem relidas. Outro dia ganhei de presente do autor Paulo Bezerra de Acarí Rio Grande do Norte, o livro Cartas dos Sertões do Seridó, e mais recentemente Outras Cartas do Seridó um estilo particularíssimo – pequenas cartas escritas em português arcaico de grande beleza.
Textos assim de voejos poéticos como “Palavras Andantes” de Eduardo Galeano, a crônica de Antonio Maria, a imaginação de Adriana Falcão que é do Recife, são leituras que aguçam nosso imaginário poético. Nesse meio literário local, foi não foi, a gente está tendo boas surpresas com contos, romances e até com ensaios filosóficos como O Tratado da Lavação da Burra do filósofo pernambucano Ângelo Monteiro e por aí vai.
SOBRE IDENTIDADE COM O PÚBLICO
Há uma espécie de unanimidade no gostar. Da criança que congela na minha frente ao adulto que ri e se emociona. Alguns mais intelectualizados fazem conceituações filosóficas, outros vêem um misto de erudição e regionalismo, outros fazem reflexões, outros sentem com profundidade a essência da poesia, outros exploram o lado didático da palavra, outros vem graça e sarcasmo. Em determinado momento essa poesia vira um produto e como tal, uns podem gostar e outros não. No meu caso tem sido como chocolate, tem mais gente que gosta.
Tenho recebido almofadas de penas de sobrecu de pavão do leitor, palavras gasosas de críticos e estudiosos e o reconhecimento e carinho daqueles que são o elemento básico da minha poesia: o povo simples. Esse é o aval mais importante que pode ser traduzido num só elogio: “poeta você é um arrombado!!!”
SOBRE AS CANÇÕES
Quanto às canções tenho muitas, mas como minha voz é zero de pouquidão, e meu traquejo de cantor é inexistente feito perna de sereia, as bichinhas ficavam guardadas. Agora nessa fase de registrar minha poesia em cd, coloquei algumas músicas para quebrar um pouco o peso de ser só poesia. Aí a música apareceu mais como registro do autor do que como interpretação musical mas mesmo assim foi bem aceita. A primeira música “O Bolero de Isabel” já foi gravada por Xangai e as outras gravadas por mim com participações de Maciel Melo, Santana, Silvério Pessoa e Vital Farias.
SOBRE A CULTURA POPULAR NAS SALAS DE AULA
Com relação ao tamanho dum bonde do universo popular, a riqueza, a sabença ali depositada, as particularidades históricas, sociológicas e tudo mais, essa forma de cultura é muito pouco cavucada em sala de aula. Principalmente em se tratando de Nordeste que é palco e celeiro desse tesouro, muitas vezes ciscado pra detrás do pote.
Com a vertiginosa e esmagadora transformação dos costumes imposta pelo trator da modernidade, esse baú cultural tende a ser que nem promessa de vereador: fadado ao completo esquecimento. Tende a virar uma rolinha em borná, aquela coisa cemitérica isolada dos vivos. Cabe a escola resgatar todos esses valores.
Mando um magote de parabéns as escolas que tratam desse assunto.
SOBRE OS FILHOS QUE NOS ACOMPANHA NOS ESPETÁCULOS
Vivemos num ambiente familiar de bemóis permanentes e temos uma convivência muito próxima com artistas e músicos, tanto nos palcos como nos encontros festivos e de fins de semana. Os discos e instrumentos musicais sempre fizeram parte do dia a dia dos filhos. Aqueles, como Vitor e Matheus, que demonstraram habilidade com os instrumentos foram incentivados com porções de “vá em frente cabra véi!!”.
O interesse deles de fazer parte do recital do pai foi dando-se naturalmente. Primeiro, foi o violonista Vitor, que, estudando música clássica, sugeriu imprimir um fundo musical ao ato declamatório. Já um pouco depois quando contratamos o violinista André Correia para entrar no espetáculo, é que Matheus, que já praticava percussão, se incorporou ao grupo e hoje viajamos juntos defendendo a poesia a golpes de música e declamações.
Minha mulher Doró e o mais velho Diego são ouvintes atentos e até participantes de revisão de textos. Marcela a caçula, por enquanto é só ouvidos e bater de palmas.
SOBRE A RESPONSABILIDADE DE AGORA EM DIANTE
Às vezes sinto que minha responsabilidade é grande diante do público. Depois do livro Prosa Morena cujo cd abriu um leque de exposição muito grande, me vejo como uma espécie de porta-voz do sentimento popular de muita gente. Na ocasião dos autógrafos dos livros, percebo que massageio a auto-estima de muitos daqueles que são do interior; daqueles que são injustiçados e não têm voz e se vêm falando no tom jocoso de um tema político, por exemplo; daqueles que estão na capital com o peito cheio de saudade do sertão. Os abraços, as fotos o carinho dessa gente é algo contagiante.